Espaço Livre

Confira o texto que a Simone, da Comunicação,  separou para lermos nessa semana!

E se houvesse um VAR para as postagens das redes sociais e grupos de WhatsApp?

Por Zé Victor Castiel

Fonte: Zero Hora, 25/08/2022

Tirando os virtuoses, não existe a possibilidade de alguém se manifestar, por escrito, sobre qualquer assunto tendo a certeza de que será entendido

Sou plenamente a favor do VAR no futebol. É através desse dispositivo que erros cometidos pelas diversas arbitragens podem ser desfeitos, quase imediatamente após a decisão de campo. Serve, também e principalmente, para evitar injustiças de lances mal interpretados ou não bem entendidos.

Faço aqui um exercício de reflexão absurda: já pensaram se houvesse a possibilidade de termos um VAR para as postagens das redes sociais e grupos de WhatsApp? Já imaginaram o número de injustiças verborrágicas e ofensas gratuitas que conseguiríamos evitar por interpretações equivocadas ou impossibilidade total, por parte dos leitores, de entenderem as famosas ironias?

A grande verdade é que a ironia é uma modalidade tão extinta no Brasil quanto os telefones de orelhão ou o autorama da Estrela. Se houvesse o “VAR da vida”, quantos desentendimentos poderiam ser evitados com amigos, familiares e até pessoas desconhecidas? Quantas famílias ainda estariam ilesas às desavenças e rupturas pela simples impossibilidade de os interlocutores pensarem em fazer uma perguntinha singela: “O que exatamente você quis dizer com isso que acabou de escrever?”.

Tirando os virtuoses, não existe a possibilidade de alguém se manifestar, por escrito, sobre qualquer assunto tendo a certeza de que será entendido da mesma forma que seria se estivesse utilizando suas pregas vocais e olhando para seu interlocutor. Depois de escrever algo e postar em redes sociais ou grupos de WhatsApp, a sorte estará inexoravelmente lançada.

A palavra escrita é impositiva, nua e crua. A palavra falada é acompanhada de coadjuvantes maravilhosos, como o gesto, o olhar, o tom e o volume da voz, a sisudez ou o sorriso. Falando algo direto, frente a frente, nossos interlocutores dificilmente interpretarão mal o que estamos dizendo, sendo ou não de seu agrado. Na pior das hipóteses, fariam o sinalzinho típico da revisão feita pelos árbitros em campo e pediriam a repetição da fala, para só então decidir se o que ouviram era exatamente o que queríamos dizer.

Mesmo com a total impossibilidade de se buscar entender melhor a palavra escrita, acho que vale muito a pena, a partir de agora, ler com muita atenção as coisas que são postadas nas redes sociais e, antes de sair por aí respondendo de forma indignada, respirar fundo e pensar se o que se leu foi exatamente aquilo que o outro quis escrever. Com essa simples atitude, talvez consigamos, ao menos, minimizar os efeitos das desavenças e rupturas em tempos de comunicação por redes sociais e grupos de WhatsApp. Minha sugestão é: na dúvida, chame o seu VAR.

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