ESPAÇO LIVRE

Confira o texto que Fátima Silva, gestora do RH, sugere para leitura nessa semana!

 

Você já ouviu dizer que ‘saber ouvir’ é uma arte?
Que saber ouvir é uma das coisas mais difíceis para o ser humano?

E que ‘saber ouvir’ é a porta para inúmeras oportunidades de amadurecimento e desenvolvimento – em especial, aquelas lições e aprendizados da vida que vem em forma de “feedback”…?

Pois é, saber ouvir é uma competência essencial, é um diferencial relacional absolutamente imprescindível para as relações humanas, onde quer que elas aconteçam.

 ‘Saber ouvir’ é muito mais do que estar atento a uma comunicação oral, por exemplo: ‘saber ouvir’ é saber perceber as comunicações verbais e não verbais daqueles com quem estamos nos comunicando.

Perceber o que é dito, saber captar e compreender as mensagens expressas pelo outro de forma não verbal (pelo olhar, nos gestos, no ‘corpo que fala’). De uma boa percepção vêm excelentes informações sobre os outros e sobre nós mesmos: e isso é potencializado pelo “feedback”, gerando autoconhecimento.

E, para ilustrar esse tema, eu trouxe uma crônica espetacular escrita pelo Artur da Távola, memorável intelectual brasileiro (advogado, jornalista, radialista, escritor, professor, apresentador de TV e político brasileiro que usava esse pseudônimo), intitulada “O Difícil Facilitário do Verbo Ouvir”.

O Difícil Facilitário do Verbo Ouvir

(Artur da Távola)

Um dos maiores problemas de comunicação, tanto a de massas como a interpessoal, é o de como o receptor ouve o que o emissor falou.
Numa mesma cena de telenovela, notícia de jornal, ou num simples papo ou discussão, observa-se que a mesma frase permite diferentes níveis de entendimento. Na conversação dá-se o mesmo. Raras, raríssimas são as pessoas que procuram ouvir exatamente o que a outra está dizendo.
Observe que:

– Em geral, o receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que o outro não está dizendo.

– O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que quer ouvir.
– O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que já escutara antes e coloca o que o outro está falando naquilo que se acostumou a ouvir.
– O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que imagina que o outro iria falar.
Numa discussão, em geral, os discutidores não ouvem o que o outro está falando: eles ouvem quase que só o que estão pensando para dizer em seguida.
– O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que gostaria de ouvir ou o que o outro dissesse.

– A pessoa não ouve o que a outra fala: ela ouve apenas o que está sentindo.
– A pessoa não ouve o que a outra fala: ela ouve o que já pensava a respeito daquilo que a outra está falando.

– A pessoa não ouve o que a outra está falando: ela retira da fala da outra apenas as partes que tenham a ver com ela e que a emocionam, agradam ou molestam.
– A pessoa não ouve o que a outra está falando: ouve o que confirme ou rejeite o seu próprio pensamento. Vale dizer, ela transforma o que a outra está falando em objeto de concordância ou discordância.

– A pessoa não ouve o que a outra está falando: ouve o que possa se adaptar ao impulso de amor, raiva ou ódio que já sentia pela outra.

– A pessoa não ouve o que a outra fala: ouve da fala dela apenas aqueles pontos de vista que no momento a estejam influenciando ou tocando mais diretamente.
Estes doze pontos básicos mostram como é árduo e difícil se comunicar; ouvir, portanto, é muito raro!

É necessário limpar a mente de todos os ruídos e interferências do próprio pensamento durante a fala alheia!

Ouvir implica numa entrega ao outro. Ouvir é um grande desafio. Desafio de abertura interior, de impulso na direção do próximo, de comunhão com ele, de aceitação dele como é e como pensa.

Ouvir é raridade! Ouvir é um ato de sabedoria!

Depois que a pessoa aprende a ouvir, ela passa a fazer descobertas incríveis escondidas ou patentes em tudo aquilo que os outros estão dizendo a propósito de falar.

Comunicar-se é uma arte: “quem não se comunica, se trumbica!” (Chacrinha)

Artur da Távola, o pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros, (1936 – 2008) foi um advogado, jornalista, radialista, escritor, professor, apresentador de TV e político brasileiro.

Fonte: . http://www.heinen-rh.com.br/site/?sec=__pag&id=83-Texto adaptado de  MÁRIO HEINEN é Psicólogo, Pós-graduado em Administração de RH, Dinâmica de Grupo, e em Gestão da Qualidade para o Meio Ambiente

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